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Apendicite aguda tem como resolver só com remédios?

Azul Telemed
Saúde e Bem Estar
29 nov 2024

Apendicite aguda tem como resolver só com remédios?

A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice, uma pequena estrutura localizada no início do intestino grosso. É a emergência cirúrgica mais comum em crianças e adultos jovens, mas pode ocorrer em qualquer idade. Apesar de ser relativamente frequente, seu diagnóstico pode ser desafiador, já que os sintomas nem sempre seguem o padrão clássico. Por isso, ao menor sinal de dores no abdômen lado direito, procure um médico imediatamente para que ele dê as devidas orientações.

Então a grande pergunta é: tem como resolver sem cirurgia? Nos últimos anos, o tratamento com antibióticos tornou-se uma alternativa para casos de apendicite não complicada (sem perfuração ou abscesso). Apesar de eficaz em curto prazo, cerca de 40% dos pacientes tratados apenas com antibióticos precisam de cirurgia posteriormente. Sendo assim, a cirurgia continua sendo a principal forma de tratar a apendicite aguda. O procedimento mais utilizado é a cirurgia por laparoscopia, que remove o apêndice por pequenas incisões com a ajuda de uma câmera, que oferece menor tempo de recuperação e menos complicações em comparação à cirurgia aberta.

Durante a pandemia, houve um aumento no uso de tratamentos não cirúrgicos para reduzir a sobrecarga hospitalar. A estratégia incluiu o uso de antibióticos para tratar casos leves, mas até hoje, estudos ainda avaliam a eficácia desse método a longo prazo.

Causas da apendicite aguda

A apendicite geralmente ocorre quando há obstrução na cavidade interna do apêndice, seja por fezes, aumento de tecido linfático ou corpos estranhos. Essa obstrução leva à proliferação bacteriana, inflamação, e, se não tratada, pode evoluir para perfuração e peritonite.

Sintomas

Embora os sintomas clássicos sejam bem conhecidos, menos de 50% dos pacientes apresentam esse quadro típico. Os sinais mais comuns incluem:

  • Dor abdominal inicial difusa na região ao redor do umbigo, que migra para o quadrante inferior direito.
  • Febre baixa a moderada.
  • Náuseas e vômitos.
  • Perda de apetite.
  • Sensibilidade abdominal, especialmente ao toque ou durante manobras como a descompressão brusca.

Em casos atípicos, os sintomas podem variar dependendo da posição do apêndice, idade e condições pré-existentes do paciente.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito rapidamente para evitar complicações graves. Ele se baseia em uma combinação de:

  1. História clínica e exame físico
  • O histórico detalhado do paciente é crucial para identificar os sintomas e descartar outras causas.
  • Manobras específicas, como o sinal de Blumberg (dor à descompressão no quadrante inferior direito), ajudam a localizar o problema.
  1. Exames laboratoriais
  • Hemograma completo: evidencia leucocitose (aumento dos glóbulos brancos), indicando infecção.
  • Proteína C-reativa (PCR): indicador de inflamação sistêmica.
  • Urinálise: útil para descartar infecções urinárias ou outras condições.
  1. Exames de imagem
  • Ultrassonografia abdominal: preferida em crianças e gestantes por não usar radiação, mas depende do operador.
  • Tomografia Computadorizada (TC): altamente precisa, especialmente em casos de dúvida diagnóstica.
  • Ressonância Magnética (RM): uma opção segura em mulheres grávidas quando a ultrassonografia não é conclusiva.
Complicações

Se não tratada, a apendicite pode evoluir para condições graves, como:

  • Perfuração do apêndice, levando à peritonite.
  • Formação de abscessos intra-abdominais.
  • Septicemia, uma infecção generalizada.

Mesmo após o tratamento, alguns pacientes podem desenvolver complicações, como aderências intestinais ou infecções no local da cirurgia.

Prevenção e monitoramento

Embora não haja formas específicas de prevenir a apendicite, manter um estilo de vida saudável e estar atento aos sintomas são essenciais. Em casos de dor abdominal intensa, procure assistência médica imediata.

Perguntas Frequentes
  1. Quais são os primeiros sintomas de apendicite?
    Dor abdominal difusa, especialmente na região periumbilical, que migra para o quadrante inferior direito, acompanhada de náuseas e febre baixa.
  2. Todo caso de apendicite precisa de cirurgia?
    Não necessariamente. Casos não complicados podem ser tratados com antibióticos, mas a cirurgia é o tratamento padrão.
  3. É possível prevenir a apendicite?
    Não há métodos garantidos, mas uma dieta rica em fibras pode ajudar na saúde intestinal, reduzindo os fatores de risco.
  4. Quanto tempo dura a recuperação após uma apendicectomia?
    A maioria dos pacientes retorna às atividades normais em uma a três semanas, dependendo do tipo de cirurgia realizada.
  5. O que pode acontecer se a apendicite não for tratada?
    Pode levar à perfuração do apêndice, peritonite e até complicações fatais.
  6. A apendicite pode voltar após a cirurgia?
    Não. Após a remoção do apêndice, a condição não pode retornar.

Fonte: Acute appendicitis Dixon, Frances et al. Surgery – Oxford International Edition, Volume 41, Issue 7, 418 – 425